quarta-feira, 26 de novembro de 2014

automático

copos plásticos, pessoas descartáveis
o medo e a ansiedade impedem a persistência
pessoas deixam de ser pessoas e se tornam robôs
com sentimentos alimentados por amor virtual
onde quer que eu vir, ritual
uma lista cheia, com páginas em branco, onde seria vermelho, brando
na busca cansável, efêmero, raso, alí desistiu
pela dor de quem um dia destruiu
o mundo está automático e ningém abriu os olhos
os dias apenas passam e as pessoas, descartáveis
como copos plásticos

terça-feira, 18 de novembro de 2014

loucura certa

acendi o último cigarro, cruzei a rua e te inventei perfeito num ínfimo imaginário
- quem, eu?
- sim, sem nem saber
soltei a fumaça, revirei os olhos e dancei recatado pra mim no meu íntimo
caligrafei no papel meus devaneios de um acervo que é só meu e ninguém mais
e sonhei naquele instante
desci em afago
dei o último trago
senti o amargo
e por fim, no chão caiu
construindo a despersonificação de alguém que agora eu era assim
mas parei e reparei
do consumo que se é consumido, drogas lícitas pra suprir a dor, carbono velho pra rotular
- mundo, eis aí sedentário na mesma rotação
- louco!
- loucura não compreendida, é criatividade jogada no ralo da pia
se digo o que sou e me refiro a mim, possa ser que eu não seja eu, mas sou o que tiver de ser quando aqui estou

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

em primeira pessoa

dói mesmo, sangra.
acabei de ouvir isso e é bem assim que o meu coração sente. ao mesmo tempo uma sensação de impotência, de que foi tudo tão efêmero, apesar de longo.
eu prometi pra mim mesmo não mais acreditar no amor, não me dar de corpo e alma pra nenhum ser vivo, que pudesse ter a capacidade de ter os meus sinceros sentimentos nas mãos, que pudesse ter por inteiro o meu coração.
eu prometi pra mim mesmo ser um homem forte, prometi não acreditar num simples "eu te amo" ou "vai ser pra sempre", mas não adianta, a gente quando quer se sabotar, mesmo inconscientemente, consegue. e consegue de um jeito, que quando a gente se da conta, já passou, e é aí que que se pensa "fo-deu".
eu costumava querer voltar pra mudar as coisas que eu havia feito pra fugir dos sentimentos, pra querer ser forte e seguro. mas afinal, o que é ser forte? o que é ter essa segurança? pra quem eu tenho que provar essa fortaleza? alias, acho que na real é, pra que? um amor é um sentimento que não é alimentado sozinho, por mais que só eu ame, eu tive algum motivo pra me alimentar desse amor, agora, se eu não sou amado, isso não quer dizer necessariamente que eu não tenha sido suficiente pra alimentar um amor. eu acredito mesmo que amor é para os fortes. amor é para aqueles que tem coragem de dar a cara a tapa pra entregar sua vida pra alguém que te faz bem de alguma forma, mesmo sabendo que em algum momento você vai sofrer, pois sem sofrimento não ha amor. não existe a menor possibilidade de você sofrer por algo que você não ama, não faz sentido. é burrice querer se privar de um sentimento, seja lá qual for. se é sentimento, tá ali pra ser sentido, se você não sente nada, desculpe, amigo, você é um fraco. você é daquele tipo de pessoa que acha que pra ser feliz não precisa sofrer. você é vazio! você não vai ter nada de interessante pra se recordar, você é daquele tipo de pessoa que tem uma vida supérflua. e aí, mais cedo ou mais tarde, você vai olhar pra dentro de si e não vai ter nada. vai ter deixado algumas outras pessoas terem passado pela sua vida por um medo banal, você vai ter o pouco que sobrou.
olha, hoje tá doendo pra caralho. mas passa, como tudo passa, como um bloco de carnaval na rua, que quando você menos espera, passou. e eu quero, eu choro, eu sangro. foi tudo tão bom, mas não deu, não foi suficiente pra suportar, não foi forte pra lutar, não foi crédulo pra tentar, não eu. o destino não prevê esse tipo de coisa, e não posso por culpa nele, apenas tinha de ser assim e cabe a mim aceitar, pois não posso lutar sozinho, em guerra de dois onde só um luta, é como quando um não quer.
eu não quero por a culpa em ninguém, alias, eu não quero por culpa, não há culpa, não á o que ter culpa, é apenas um fato, não posso me esconder por trás de quem não mais quis. eu só quero ficar bem, eu só preciso ser eu, eu só preciso que me amem como sou, que o amor seja forte ao ponto de passar por cima dos meus defeitos, assim como eu amo, assim como eu acredito. não é utopia, não é fantasia, é amor.
eu só queria dizer o que sinto, só queria dizer como estou.
em primeira pessoa, eis-me aqui.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

através de ti

Não sabe ao certo se foi sua escolha ou se foi escolhido.
Depois de 30 passos à frente se viu num conflito iminente, torpe e em um instante o remédio pode curar a sua dor e até o bel prazer relevante que nem mesmo soube o quanto.
Foi álibi de si próprio durante todo o instante e por confiança se entregou, abriu os braços e se jogou, quis mesmo a ascensão do risco, nem assim foi vil.
Escravo das frustrações e de suas emoções, inerte ao tratamento, momento descontento.
Sentiu o peso da necessidade em suas costas, quis fugir, quis pular, quis beber pra chegar ao fim.
Esteve tão perto da morte e nem pensou ser tão forte pra dizer não ao seu querer mais intenso.
Acordado na madrugada com seus fantasmas, quis um gole, mas precisava ser firme e impor sua decisão sobre seus sentidos ou instintos.
Agora chora, grita, implora, sente e luta, luta, luta!
Com o
nó contido em sua garganta, venceu a dor.
Talvez dúvidas, talvez medo, agora está em suas mãos e sente que a sua metade é morte e a outra é bem maior que a sorte.
Acaba que por fim, sente a mesma necessidade por lembrar de como foi, se engana pra si quando não percebe e mantém a caminhar pela busca topo.
Ele hoje troca a fissura pela brisa da rua e preenche sua alma sem nenhum vão prazer alado e vence um cão por dia cada vez que seus olhos abrem.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

lembranças eternas de uma mente sem brilho

sinto falta.
sinto falta de algumas pessoas que ficaram lá a tras
sinto falta do excesso que me trazia segurança
sinto falta de não ter medo dos riscos, do amanhã, dos risos
falta do primeiro beijo, do primeiro suspiro e do ultimo "eu te amo".
falta do que me falta, falta de tocar flauta.
falta algo em mim que ainda estou descobrindo e que um dia sentirei falta, talvez.
falta e sinto.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

te olho

às vezes parece que não te pertenço
que não me entende
que não te entendo
às vezes sinto que não me queres
e aí fecho os olhos, afago a memória, finjo um samba e te amo desde o início