quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

No Deleite do Céu

Sob as nuvens pude ver o quanto o mar é infinito, e o céu é lindo. E me perdi em toda aquela imensidão, outro mundo, outra sensação, me trazendo lembranças, reflexões, e saudades.
Sob as nuvens pude sentir por instantes o sabor da liberdade, olhar as nuvens com um terceiro olhar. Ver que toda aquele infinito poderia ser um outro mundo, outro planeta terra, que as nuvens são feitas de algodão, que o céu é uma solidão.
Senti falta das mãos cujo nunca pude sentir o calor transpirarem entre as minhas, senti falta daquela voz que me vinha à mente, da presença sincera, senti falta do vendo que varria as nuvens enquanto houver ar pra respirar. E olhar o céu e o mar, é como ver o casamento perfeito, uma unificação de duas matérias, de duas cores, dois seres tornam-se uma só, e meu olhar perdia-se naquele infinito ilimitado, limitando-se a um ponto, em vários pontos.
Pude fechar os olhos em instantes e me atirar naquela imensidão, dois corpos, unificado a quatro, meu ser, todo meu, só nós. Fui egoísta, fui amante, fui pássaro, mas não pude deixar de me entregar à cognição depois de ter tido esta visão, este desejo.
Mas é que quando fecho os olhos, sinto aquelas mãos me envolver como nuvens, é instigante. E meu corpo e o desejo comprimiam-se tão destilado que quase me atirei do céu, mas preferi me atirar em meus desejos, e sonhos onde pela certeza eu teria, e me contentei.
E mais uma vez sob as nuvens senti saudade, tomei um suco pra aliviar o mal estar, olhei as horas, ouvi a “Pedra fundamental”. E eu estava tão longe do que eu queria, porém tão perto de chegar, que lutar não valia à pena, eu estava ali a permear entre o céu e a terra.

Então o frio em minha barriga foi o que eu precisava saber de que ao solo estaria chegando, mas não com tuas mãos, não nas nuvens, nem nas areias. Mas eu sei o que dizer quando me falaste de nós, em segurar as minhas mãos, digo que é possível, que é tão possível como pude um dia chegar ao céu e me perder em tua imensidão, e que um dia, neste mesmo céu estarei lá contigo, em vida e em morte. E eu terei liberdade de andar sob as nuvens, sob o céu, sob o mar, nós.  No deleite no céu.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Espelho Invertido

Você não pode imaginar o que se passa por esta cabeça
Sua voz fala como se eu fosse culpado por tudo que sinto, por tudo que sou, e soul
Numericamente suas palavras são desnecessárias, carentes, fluentes ou influentes
Hiperbolicamente sua ira só te faz perder tudo àquilo que tu mais amas
Olha pra mim, me diz com toda a coragem, se tens coragem
Olha profundamente nos meus olhos e enxerga o sangue que rouba as lágrimas internas
Deixa de hipocrisia, minha imagem nem sempre reflete a tua, vê isso
Faltou paciência, faltou tua carência, faltou incoerência
E testa a testa foi dada a largada do confronto de duas imagens, em um espelho
E hipoteticamente pude conter o suor do desgaste
Foram tão efêmeros os nossos risos sinceros
Foi tão intenso o sangue no olhar, e nada se fez
Posso não saber de tudo, mas sei de tudo que faço mesmo inconstante, sei
Quanto a ti, olha pra dentro e vê o quanto egoísmo te sobra pra expor sem que se perceba?
Sentimento este abrasivo, que cabe dentro de nós
Então me vejo de um lado coberto de outro lado, onde só eu sei onde estou e como estou
Sem entender se quer nas entrelinhas deste nosso diálogo
Mas quando só eu sei o que tudo sei
E sem saber onde isso tudo pode dar
Com todo respeito, fico tenaz com minhas idéias, pondo em prática nos momentos exatos
E te não só te respeito como também te entendo
E apesar do tempo passar pra nós dois, mesmo em tempos diferentes, tudo leva
Só não leva o que o que foi construído, as lembranças e as semelhanças
Vulnerável em alguns momentos, espelhos d’água
E o que eu penso, eu vivo, o que eu construo é meu
Eu sou eu, sou o que sou me construo a cada eclipse, a cada amanhecer
Tenho muito a ensinar, mas estou sempre disposto a aprender
E deste lado é muito diferente do outro lado
Do que temos certeza?
O que se sabe se é certo ou errado?
O que a ciência e a religião tanto quer dizer se vivendo se aprende muito?
E a vida segue como o caminho, o a água do riacho, o ponteiro do relógio
Sem voltar o que começou
Mas sempre podendo voltar pra recomeçar
Eu, você, todos