Sob as nuvens pude ver o quanto o mar é infinito, e o céu é lindo. E me perdi em toda aquela imensidão, outro mundo, outra sensação, me trazendo lembranças, reflexões, e saudades.
Sob as nuvens pude sentir por instantes o sabor da liberdade, olhar as nuvens com um terceiro olhar. Ver que toda aquele infinito poderia ser um outro mundo, outro planeta terra, que as nuvens são feitas de algodão, que o céu é uma solidão.
Senti falta das mãos cujo nunca pude sentir o calor transpirarem entre as minhas, senti falta daquela voz que me vinha à mente, da presença sincera, senti falta do vendo que varria as nuvens enquanto houver ar pra respirar. E olhar o céu e o mar, é como ver o casamento perfeito, uma unificação de duas matérias, de duas cores, dois seres tornam-se uma só, e meu olhar perdia-se naquele infinito ilimitado, limitando-se a um ponto, em vários pontos.
Pude fechar os olhos em instantes e me atirar naquela imensidão, dois corpos, unificado a quatro, meu ser, todo meu, só nós. Fui egoísta, fui amante, fui pássaro, mas não pude deixar de me entregar à cognição depois de ter tido esta visão, este desejo.
Mas é que quando fecho os olhos, sinto aquelas mãos me envolver como nuvens, é instigante. E meu corpo e o desejo comprimiam-se tão destilado que quase me atirei do céu, mas preferi me atirar em meus desejos, e sonhos onde pela certeza eu teria, e me contentei.
E mais uma vez sob as nuvens senti saudade, tomei um suco pra aliviar o mal estar, olhei as horas, ouvi a “Pedra fundamental”. E eu estava tão longe do que eu queria, porém tão perto de chegar, que lutar não valia à pena, eu estava ali a permear entre o céu e a terra.
Então o frio em minha barriga foi o que eu precisava saber de que ao solo estaria chegando, mas não com tuas mãos, não nas nuvens, nem nas areias. Mas eu sei o que dizer quando me falaste de nós, em segurar as minhas mãos, digo que é possível, que é tão possível como pude um dia chegar ao céu e me perder em tua imensidão, e que um dia, neste mesmo céu estarei lá contigo, em vida e em morte. E eu terei liberdade de andar sob as nuvens, sob o céu, sob o mar, nós. No deleite no céu.